INTRODUÇÃO
SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO
Como amante da Natureza, o mar sempre foi uma das minhas maiores paixões. Mergulho há muitos anos, e algo que sempre me fascinou é a forma como os peixes se movem — como se estivessem constantemente a dançar com a corrente. No entanto, há um fenómeno em particular que sempre me intrigou: como conseguem eles manterem-se praticamente imóveis, mesmo durante correntes marítimas fortes?
Como mergulhador, já vivi várias situações em que fui arrastado pelas correntes de forma incontrolável. Nessas alturas, manter o equilíbrio e a orientação é um verdadeiro desafio. E, mesmo assim, ao meu redor, os peixes permanecem serenos, imóveis ou movimentando-se suavemente, como se a força da água não os afetasse.
Foi numa visita ao Science Park de Hong Kong que finalmente esclareci este mistério. Tive o privilégio de conhecer um grupo de jovens brilhantes, que não só me explicaram o fenómeno, como também me inspiraram profundamente. Estes jovens, além de serem extremamente talentosos, fazem parte do Guinness World Records por terem batido o recorde mundial de velocidade com um peixe robótico — uma verdadeira obra-prima da engenharia bioinspirada.


A MINHA EXPERIÊNCIA
Com eles, aprendi que a forma flexível e dinâmica do corpo dos peixes permite que estes utilizem a própria energia das correntes a seu favor. Em vez de lutarem contra a força da água, adaptam-se a ela de forma inteligente e eficiente. Este fenómeno chama-se Kármán gait.
Trata-se de um comportamento natural em que os peixes aproveitam os vórtices formados por obstáculos na corrente — um padrão conhecido como Kármán vortex street — para se manterem estáveis e moverem-se com mínimo esforço. Em vez de resistirem, “dançam” com a água. Uma verdadeira lição de equilíbrio e adaptação da Natureza.
Mais uma vez, constatei a importância do conhecimento. É através dele que ganhamos criatividade — e é essa criatividade que pode levar-nos a conquistas extraordinárias. O conhecimento é, por isso, a base da evolução.

O SCIENCE PARK DE HONG KONG
O Science Park de Hong Kong é um hub vibrante de inovação, onde start-ups, investigadores e empresas de tecnologia colaboram em projetos verdadeiramente revolucionários. Desde laboratórios de robótica a soluções de inteligência artificial, existe ali um ambiente propício ao desenvolvimento de ideias inovadoras, sustentado na partilha de conhecimento e promovendo ativamente a sustentabilidade.
Foi nesse contexto que conheci a start-up BREED Robotics, vinculada à University of Hong Kong (HKU), responsável pelo desenvolvimento do peixe robótico mais rápido do mundo. O objetivo desta inovação não é apenas bater recordes, mas sim criar uma ferramenta portátil de monitorização marítima de alta eficiência.
O robô pode ser equipado com diversos tipos de sensores, ajustados conforme a missão a cumprir. Com posicionamento georreferenciado e autonomia para nadar cerca de 8 horas de forma ininterrupta, este equipamento representa um avanço notável na observação oceânica.
As suas aplicações são múltiplas:
- Análise da biodiversidade marítima,
- Recolha de dados para a indústria oceânica,
- E várias funções no âmbito da monitorização e preservação ambiental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A história desses jovens reforça o papel essencial dos ecossistemas de inovação. O Science Park não se limita a fornecer estrutura física — ele conecta, inspira e promove mentes brilhantes. É um ambiente onde desafios complexos são superados e onde novos recordes mundiais se tornam possíveis.
A visita ao parque foi profundamente inspiradora. Mostrou-me que, com os recursos certos, num ambiente criativo e colaborativo, jovens inovadores podem alcançar feitos extraordinários. Desde resolver mistérios científicos até entrar para o livro dos recordes.
É um lembrete claro de que o futuro da ciência e da tecnologia está nas mãos de quem ousa pensar além.